António Mota nasceu a 16 de Julho de 1957 em
Vilarelho, Ovil, concelho de Baião. Era um bom aluno na escola primária,
deixando-se deslumbrar com os livros que a carrinha da Biblioteca Itinerante da
Fundação Calouste Gulbenkian regularmente lhe trazia. As suas obras de referência
são as que leu aos 14 anos – Por quem os
Sinos Dobram e O Velho e o Mar.
As limitações económicas da família
obrigaram-no a tirar um curso rápido de Magistério Primário e aos 18 anos era
já um professor do Ensino Básico, profissão que continua a desempenhar. Começou
por criar histórias para os seus alunos, incentivado pelas palavras sábias de
Ilse Losa.
Foi em 1979 que escreveu o primeiro livro
intitulado A Aldeia das Flores e
atualmente tem dezenas de obras publicadas. Tem obras traduzidas em Espanha e
também na Alemanha, estando algumas incluídas em listas de obras literárias de
qualidade recomendada pela International
Youth Library of Munich. Em Portugal, tem mais de cinco dezenas de obras
recomendadas pelo Plano Nacional de Leitura.
Desde 1980 tem sido solicitado a visitar
escolas do Ensino Básico e Secundário, assim como bibliotecas públicas, em
Portugal e noutros países, fomentando deste modo, o gosto pela leitura entre
crianças e jovens.
António Mota colaborou com vários jornais e
participou em diversas ações organizadas por Bibliotecas e Escolas Superiores
de Educação.
O escritor nunca abandonou a sua terra natal
e deixa transparecer na sua escrita, claras marcas de ruralidade e de um
aprofundado conhecimento dos sonhos, das alegrias e tristezas que povoam o
espírito das crianças que vivem no Portugal Profundo. Nos últimos anos tem
escrito livros para crianças mais pequenas, utilizando uma linguagem clara e
simples. António escreve sempre acompanhado de música clássica ou celta.
BIBLIOGRAFIA:
·
A Aldeia das Flores, 1979, ASA editores;
·
As Andanças do Senhor Fortes, 1980,
Afrontamento;
·
O Rapaz de Louredo, 1983, Areal;
·
O Grilo Verde, 1984, Livros Horizonte;
·
O
Rebanho Perdeu as Asas, 1987, Vega;
·
O Rei, o Sábio e os Ratos, 1987, Veja;
·
Pardinhas, 1988, Caminho;
·
Pedro Alecrim, 1988, Gailivro;
·
Abada de Histórias, 1989, Desabrochar;
·
Ventos da Serra: Um Ano de Histórias, 1989,
Caminho
·
Cortei as Tranças, 1990, Edinter;
·
O Conde de Montecristo, 1990, Edinter;
·
Jaleco, 1991, Desbrochar;
·
Os Sonhadores, 1991, Edinter;
·
A Terra do Anjo Azul, 1994, Edinter;
·
David e Golias, 1995, Civilização;
·
A Casa das Bengalas, 1995, Edinter;
·
Sal, Sapo, Sardinha, 1996, Caminho;
·
Segredos, 1996, Desabrochar;
·
Sonhos de Natal, 1997, Desabrochar;
·
O Agosto que Nunca Esqueci, 1998; Edinter
·
Fora de Serviço, 1999, Âmbar
·
O Príncipe com Cabeça de Cavalo, 1999,
Gailivro;
·
A Galinha Medrosa, 2000, Gailivro;
·
O Livro das Adivinhas (2 volumes), 2001,
Gailivro;
·
O Nabo Gigante, 2001, Gailivro;
·
O Sapateiro e os Anões, 2001, Gailivro;
·
Onde Tudo Aconteceu, 2001, Âmbar;
·
A Gaita Maravilhosa, 2002, Gailivro;
·
O Galo da Velha Luciana, 2002, Gailivro;
·
Os Heróis do 6ºF, 2002, Gailivro;
·
Pedro Malasartes, 2002, Gailivro;
·
Se Eu Fosse Muito Alto, 2002, Gailivro;
·
Se Tu Visses o que Eu Vi, 2002, Gailivro;
·
A Princesa e a Serpente, 2003, Gailivro;
·
Filhos de Montepó, 2003, Gailivro
·
O Lambão, o Teimoso e o Senhor Veloso,
2003, Gailivro;
·
O Sonho de Mariana, 2003, Gailivro;
·
Se Eu Fosse Muito Magrinho, 2003, Gailivro;
·
Fábulas de Esopo – Recontadas por Antónia Mota,
2004, Gailivro
·
Maria Pandorca, 2004, Gailivro;
·
Contos Tradicionais, 2005, Gailivro;
·
O Livro dos Provérbios (2 volumes), 2005,
Gailivro
·
Romeu e as Rosas de Gelo, 2005, Gailivro;
·
Uma Tarde no Circo, 2005, Gailivro;
·
A Viagem do Espanholito, 2006, Edinter;
·
O
Coelho Branco, 2006, Gailivro;
·
O Velho e Os Pássaros, 2006, Gailivro;
·
Se Eu Fosse Muito Forte, 2006, Gailivro;
·
Se Eu Fosse Muito Pequenino, 2006, Gailivro;
·
Clarinha, 2010, Gailivro.
PRÉMIOS:
· 1983 –
Prémio da Associação Portuguesa de Escritores atribuído ao livro O Rapaz de Louredo;
· 1990 –
Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças atribuído ao livro Pedro Alecrim;
· 1996 –
Prémio António Botto atribuído ao livro A
Casa das Bengalas;
· 2003
–
Prémio Nacional de Ilustração com a obra O
Sonho de Mariana
· 2006
–
O Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens atribuído ao
livro Se eu fosse muito magrinho;
· 2008
–
Foi agraciado com a Ordem da Instrução Pública.
ENTREVISTA:
1. António Mota, o primeiro livro foi
“ A aldeia das Flores” na década de 70. “O segredo dos Dragões” é a última
preparação. Quais são as diferenças ao escrever 32 anos depois do primeiro?
Muitas diferenças. Antes, escrevia na máquina de
escrever, agora uso o teclado do computador. Antes usava envelopes e selos,
agora o e-mail. Antes, acreditava em muitas coisas, agora nem por isso. Antes,
escrevia com mais ligeireza, agora peso e meço mais demoradamente cada palavra,
cada frase.
2. Os seus livros são, na sua maioria,
cuidadosamente preparados para crianças. Alguma razão especial para ter
escolhido as crianças como seu público?
Não consigo arranjar resposta que me convença. Aconteceu.
Talvez o facto de ter sido professor e, consequentemente estar todos os dias a
conviver e a ver crescer crianças, ajudasse. Mas não chega como resposta. O
problema é que eu não sei dar outra melhor.
3. As crianças de hoje são mais
exigentes do que há 30 anos atrás?
Acho que não. São fruto do tempo, daí fazerem as
exigências que lhes deixarem fazer.
4. Sendo este um público tão especial,
o que há para aprender com as crianças de hoje?
A sua honestidade. As crianças, normalmente não cultivam
a dissimulação. O seu olhar ainda é muito ingénuo e, também, indagador.
5. Muitos dos seus livros estão
relacionados com a terra em que nasceu: Baião. Baião é uma inspiração? Porquê?
Não tenho a certeza de estarem tão diretamente
relacionados com Baião. Digamos, que falam maioritariamente da ruralidade, da
interioridade, mas também do sonho.
6. Os seus livros são uma forma de
tentar transmitir as tradições e a história de Baião às crianças?
Deve estar a pensar o meu livro Andarilhos em Baião, em
que é proposta uma viagem ao concelho de Baião, a terra onde nasci e vivo. Mas
acho que é só esse livro, os restantes fazem outros trajetos.
7. Já são de uma quantidade
considerável os prémios acumulados. É, sem dúvida, um reconhecimento do seu
trabalho, contudo o que significam esses prémios? Abrem novas oportunidades?
Toda a gente gosta de ver o seu trabalho reconhecido, e
eu não sou a exceção. Os prémios podem abrir oportunidades. Não foi o meu caso.
O maior prémio é ter leitores.
8. Há, até hoje, algum livro que lhe
tenha dado algum gozo especial fazer?
Gostei de todos.
9. Alguma personagem que tenha criado
que guarde no coração?
Sim, guardo o velho do meu romance “ A casa das bengalas
“. E das palavras que o ouvi dizer: ” As violetas avisam os homens que estamos
aqui de passagem, mas isso não impede que cheiremos bem enquanto por cá
caminharmos”.
10. É difícil ser-se escritor em
Portugal?
É uma profissão que tem os seus ossos, como qualquer
ofício. Sim, é difícil.
http://www.youtube.com/watch?v=7ASilJbgxOs
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