Parecia tudo tão distante, sentia-me tão sozinha,
mesmo estando rodeada de dezenas ou até centenas de pessoas que pareciam
máquinas de um lado para o outro.
Todas elas pareciam tão certas do rumo a seguir, umas
corriam outras falavam ao telemóvel, transmitindo certeza no que diziam.Eu era diferente, estava ali sentada naquela esplanada
a olhar ao vento as salgadas ondas que iam rebentando sonoramente nas pequenas
dunas de areia.Tudo mudou quando, para meu espanto, vi um homem que
se assemelhava a mim, também sozinho naquele mundo. Esta figura diante de mim
era mais velha, tinha uma cara maltratada. Talvez cicatrizes dos males que a
vida lhe reservara, pensei eu enquanto me dirigia para a sua mesa.─Posso?─Claro que sim, menina, sente-se!O homem estava a ler um livro. Com curiosidade, tive a
ousadia de o interpelar:-O que lê tão concentrado?-Trata-se do livro que me ajuda a tomar as decisões da
minha vida.O homem levantou-se deu-me o livro e disse:-Fique com ele, agora ajudá-la-á a si.A verdade é que se tratava de um livro de Fernando
Pessoa, um livro de poemas que agora me deixa também ser uma pessoa segura de
si, alguém que sabe o seu rumo.
Catarina Ferreira, n.º 4, 9º E
Catarina Ferreira, n.º 4, 9º E
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